A impressão que tenho é que vivo os anos que ainda não tenho. Como se a sabedoria perturbada da velhice me acompanhasse nesse corpo de menina frágil.
Uma pureza de espírito que é impedida pela limitação da matéria, do corpo, da vida como ser, Humano.
É como se na minha cabeça eu já soubesse todas as maravilhas e possibilidades de voar, enquanto meu corpo ainda permanecesse caminhando e caminhando sem mensuras dos riscos do vôo.
Toda essa inerte contradição chega a impedir que toda essa reflexão se torne compartilhada. Como explicar um raciocínio tão rápido quando se tem uma língua que não consegue falar? Isso gera incompreensão, confusão e recortes de pensamentos para aqueles que atentamente ouvem e conseguem equilibrar o corpo e a mente.
Angústia, como se já soubesse somar e subtrair quando todos ainda estão descobrindo os números e eu tentasse desesperadamente ensiná-los, mas fosse muda. Aos olhos de todos é como se eu nada soubesse.
Ainda não sei como agir, como falar, ensinar.
Quanto mais eu reflito menos sou capaz de agir. Mais sabedoria, mais assustador parece a vida.
Acredito que por isso insisto na arte. Expressão, corpo em movimento.
Arte que me permita dizer, sentir.
Precisando fazer arte...

"Mais sabedoria, mais assustador parece a vida", me lembrou trecho da música do Raul Seixas que ele diz: "Pena eu não ser burro, assim eu não sofria tanto".
ResponderExcluirMas o seu caminho você já achou, não precisa se angustiar tanto. A resposta está no seu texto, pela arte você diz, você sente, consequentemente você ensina...
Beijo doce menina :*